segunda-feira, 30 de março de 2015

O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

NOSSO RESUMO

A questão da juventude na escola será tratada não como um “problema a resolver”, mas como um desafio pela busca da compreensão a respeito do que significa ser jovem e estudante em nossos dias. 

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2012), apontam para a centralidade dos jovens estudantes como sujeitos do processo educativo. No parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2011)

Construindo uma noção de juventude

Todos querem ser e parecer jovens num processo que já foi chamado de “juvenilização” da sociedade. 


Por outro lado, contudo, apesar deste elogio da imagem da juventude, os jovens, em especial os dos setores populares, não são beneficiados por políticas públicas suficientes que lhes garantam o acesso a bens materiais e culturais, além de espaços e tempo para que possam vivenciar plenamente essa fase tão importante da vida.


Mas como diz a letra da música: O jovem não é levado a sério de Charlie Brown Jr. É uma tendência na escola de não considerar o jovem como interlocutor válido na hora da tomada de decisões importantes para a instituição. 

Muitas vezes, ele não é chamado para emitir opiniões e interferir até mesmo nas questões que lhe dizem respeito diretamente. 
E isso, sem dúvida, pode ser considerado como um desestímulo à participação e ao protagonismo.


E sobre quais bases precisamos construir nossos relacionamentos com os jovens estudantes. Estas nos parecem ser as chaves para tecer bons relacionamentos que superem os fenômenos promotores do mal-estar em nossas escolas.

É preciso cuidar para não transformar a juventude em idade problemática, confundindo-a com os problemas que possam lhe afligir. É preciso dizer que muitos dos problemas que consideramos ser da juventude não foram produzidos por jovens.


E o que seria então a juventude?

A definição de ser jovem através da idade é uma maneira de se definir o universo de sujeitos que habitariam o tempo da juventude. (Carrano, 2010)


Compreender os jovens apenas pelo fator idade, contudo, seria simplificar uma realidade complexa que envolve elementos relacionados ao simbólico, ao cultural e aos condicionantes econômicos e sociais que estruturam as sociedades.


A juventude é vista como problema. Os índices alarmantes de violência, principalmente os homicídios, o tráfico de drogas, o consumo de álcool e outras drogas, a ameaça da AIDS e a gravidez na adolescência são fenômenos que contribuem para cristalizar a imagem da juventude como um tempo de vida problemático.


A música também denuncia outro fenômeno comum: a criação de imagens e preconceitos sobre os jovens. As representações sobre os jovens que circulam pelas diferentes mídias interferem na nossa maneira de compreender os jovens. 

É muito comum que se produza uma imagem da juventude como uma transição, passagem; o jovem como um vir a ser adulto. A tendência, sob esta perspectiva, é a de enxergar a juventude pelo lado negativo.

A juventude é uma construção histórica. Diversos autores (ÁRIES, 1981; ELIAS, 1994; PERALVA, 1997;ABRAMO, 1994) já mostraram que a juventude aparece como uma categoria socialmente destacada nas sociedades industriais modernas



Estes aspectos da realidade são importantes e precisam de ações urgentes para serem equacionados. Porém, não devemos enxergar o jovem pela ótica dos problemas, pois estaremos reduzindo a complexidade deste momento de vida.

Que tal assistirmos a um vídeo excelente sobre as gerações da juventude?Só assim entenderemos melhor o que os jovens da nossa época pensam:
We All Want to be Young ( legendado)



Jovens, culturas, identidades e tecnologias

A “juventude nunca acaba” e isso porque nela se está jogando e afirmando os traços profundos da personalidade que nos acompanharão por toda uma vida. (MELUCCI, 2001, 2004). Daí a importância da discussão sobre as identidades.
Hoje, os jovens possuem um campo maior de autonomia frente às instituições do denominado “mundo adulto” para construir seus próprios acervos e identidades culturais. Há uma rua de mão dupla entre aquilo que os jovens herdam e a capacidade de cada um construir seus próprios repertórios culturais. 


Uma das mais importantes tarefas das instituições educativas hoje está em contribuir para que os jovens possam realizar escolhas conscientes sobre suas trajetórias pessoais e constituir os seus próprios acervos de valores e conhecimentos não mais impostos como heranças familiares ou institucionais.


Os jovens sujeitos do Ensino Médio nos trazem cotidianamente desafios para o aprimoramento de nosso ofício de educar. Entre esses desafios, encontra-se a difícil tarefa de compreensão dos sentidos os quais os jovens elaboram no agir coletivo, em seus grupos de estilo e identidades culturais e territoriais 

E você, professor, já parou para pensar que, por debaixo do uniforme da escola, existe um “corpo cultural” coexistindo fora dela? 

Como a sua escola lida com as diferentes manifestações e identidades culturais juvenis?

As culturas juvenis (musicais, artísticas, culturais, sociais e políticas) podem se manifestar em sua escola ou somente a “condição de estudante ou aluno” é aceita nos seus espaços-tempos?

Jovens e suas tecnologias digitais

Pesquisa aponta que 68% dos jovens entre 16 e 24 anos acessam a internet diariamente. Em relação ao uso, 94% usam a internet para se comunicar, 85% como atividade de lazer, enquanto 65% entram na internet com fins educacionais.
Ainda segundo a pesquisa TIC2012, o uso do celular nos três meses anteriores à pesquisa foi de 87% na área urbana e 67% na área rural. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 92% usaram celular nos últimos 3 meses.


“Digita no Google. Se não aparecer nada é porque não existe. Se não está no Google, definitivamente não existe!” - disse uma jovem em sua “fé” na capacidade de achar informações no gigante das buscas na internet; outra completou: “Não sei como era possível paquerar quando não existia o Orkut!”.

Um exemplo dessa “dependência” é visto no depoimento de um jovem que tentou sair do Facebook: “Pensei em ficar fora uma semana pelo menos, mas não dei conta de ficar nem um dia. Vi que se eu não estiver lá, eu não vou existir como ser humano. O Facebook padronizou o jeito de se relacionar”.
A sensação mais recorrente é que a escola e os conhecimentos curriculares estão perdendo terreno na disputa com o ciberespaço e a cibercultura.


Muitas escolas, contudo, procuram aproveitar este universo cibercultural para dele extrair sentidos de participação e interesse para as atividades curriculares.


A crescente popularização da internet está possibilitando a emergência de novas culturas da participação (SHIRKY, 2011) e de espaços tempos de aprendizagem não hierarquicamente organizados.


As pesquisas apontam que uma das coisas que os jovens mais fazem na internet é conversar. E que tal propor um diálogo com os estudantes na escola sobre as conversas na internet? Será que o que se conversa pela internet tem “menos valor ou importância do que aquilo que se diz presencialmente? O que os jovens de sua escola diriam?

Projetos de vida, escola e trabalho
Nesta fase da vida, além da tendência do jovem em se defrontar com a pergunta “quem sou eu?”, é muito comum também indagarem: “para onde vou?”; “qual rumo devo dar à minha vida?” Questões cruciais que remetem à ideia de projeto de vida, um tema muito importante a ser considerado na relação da juventude com a escola.
O projeto é o que vai nos permitir fugir aos determinismos e improvisos, organizando e planejando nossas ações futuras (MACHADO, 2004).


É na juventude, no entanto, que esse processo começa a mostrar-se de forma mais complexa. As demandas são outras e as decisões, muitas vezes, precisam ser tomadas de forma individual e autônoma.

Namorar uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo diferente? Seguir a religião dos pais ou não? Que locais frequentar e com quem? Como escolher os amigos? Que profissão seguir? Como conciliar estudos, trabalho e diversão? Estudar, namorar, casar, ter filhos, trabalhar, viajar... Todas essas são dimensões importantes e devem ser contempladas quando se discute projetos de vida.
A relação dos jovens com o mundo do trabalho
Uma boa parte da juventude brasileira, a escola e o trabalho são realidades combinadas e cotidianas.




Os jovens, os sentidos do trabalho e a escola

Um grande desafio para a instituição escolar é o de refletir sobre o seu papel diante do jovem e do mundo do trabalho, tendo em vista que o Ensino Médio é a etapa final da escolarização básica, devendo proporcionar uma formação geral para a vida, articulando ciência, trabalho e cultura (LDB 9.394/96).
A juventude no território
Pense em uma cidade constituída por profundas desigualdades; bairros muito ricos e bem equipados e outros muito pobres com as características e precariedades materiais das periferias e favelas. Quais bairros são mais vitimados pela violência policial? Quais são mais privilegiados com investimentos em saneamento pelo poder público? E o que dizer das diferenças de condições de vida entre o campo e a cidade? Assim a ocupação do território envolve valores, conflitos e disputas de poder, porque são muitos
os interesses em jogo.



Formação das Juventudes, participação e escola




A experiência participativa representa uma das formas de os jovens vivenciarem processos de construção de pautas, projetos e ações coletivas.Além disso, a experiência participativa também é importante por permitir a vivência de valores, como os da solidariedade e da democracia, e o aprendizado da alteridade.

A relação dos jovens com a escola e sua formação
No caso da educação escolar brasileira, essas relações são ainda mais complexas. Essa forma escolar (VINCENT et al., 2001) encontra uma sociedade reconfigurada e um novo público, mas em um contexto de grande desigualdade social e diversidade cultural. A expansão da escolarização básica no Brasil trouxe para o interior da escola um público que, historicamente, estava excluído dela, com as novas gerações sendo mais escolarizadas que seus pais. 
Os jovens e a escola
Muitos jovens, quando falam de suas escolas, elaboram críticas. Quando os escutamos, podemos perceber que estes possuem experiências significativas e olhares aguçados que, se compreendidos, apontam caminhos para a superação de muitos dos problemas das escolas públicas.
Os sentidos e significados da escola para os jovens
Enquanto para alguns jovens estudantes a escola representa uma obrigação que os pais ou a sociedade impõem, para outros, estudar está diretamente relacionado à sua inserção no mercado de trabalho. Assim, traçam planos para o futuro profissional e esperam que a escola contribua para a sua mobilidade social.
Razões da permanência e do abandono escolar
A “chatice da escola”, tal como dizem, é uma avaliação comum entre jovens. Ora falam dos tempos, ora dos conteúdos, ora da relação e dos métodos utilizados pelos professores.
A questão da autoridade do professor, a indisciplina
Na construção das regras, a primeira coisa para pensar uma escola justa é compreender como as regras são definidas, quem as define as regras, bem como quando elas devem ser aplicadas e a quais sanções os alunos devem ser submetidos. Desse modo eles alegam, então, que não só não compartilham da elaboração das regras, como também estão sujeitos a punições e sanções das quais não têm clareza.
Bibliografia
Formação de Professores do Ensino Médio
O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO
Versão Preliminar
Etapa I – Caderno II



Setor de Educação da UFPR - 2013

Música:Não é sério de Charlie Brown Jr.
Juazeiro -Bahia
Professora Orientadora
Professores Bolsistas

Nenhum comentário:

Postar um comentário